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Gildeci de Oliveira Leite, Homem do Axé, Doutor em Difusão do Conhecimento, possibilita aos leitores, nas diversas narrativas – crônicas, contos e opinião– contidas na obra BABÁ ALAPALÁ, CAMINHOS E ENCANTOS muitas reflexões. Inegavelmente é um escritor que diuturnamente valoriza as questões ancestrais, o legado do candomblé. Percebemos, em toda a sua produção, o conceito de cultura afro-brasileira como uma discursividade. Isto se mostra de grande relevância, posto que termina por construir comportamentos, valores, instituições e regras que conferem sentido aos sujeitos e às suas práticas. […]
No livro, evidencia-se que uma das funções das mesclagens e da criação dessas elaboradas redes conceituais é possibilitar a compreensão de relações vitais. Vem a ser, a partir daí, o que entendemos, o que denominamos espaço externo ou interno, ou ainda que podemos tomar emprestadas compressões já existentes, cuja finalidade é criar novas mesclas. Portanto, é o resultado dessas compressões que torna as coisas mais acessíveis, mais inteligíveis e também mais fáceis de serem manipuladas pelos seres humanos. O cérebro funciona por meio de ativações cerebrais muito intensas, das quais resultam construções mentais complexas que vão ocorrendo à medida que pensamos, falamos, agimos ou lemos. É, por isso, uma aptidão humana peculiar que nos permite construir conjuntos de memórias prontas para serem ativadas, sempre que necessário.[…]
Nesse sentido, o nosso objetivo é justamente fomentar reflexões: a respeito de como se instaura este processamento, enfim, no tocante a como o leitor, no momento da leitura, constrói o sentido/significado do texto, fazendo integração de seu conhecimento ao trazido pelo texto. Destarte, na elaboração das questões, embasamo-nos em alguns postulados: a leitura movimenta diferentes funções no cérebro; as estratégias cognitivas utilizadas na leitura apresentam relação com os princípios que regem o comportamento inconsciente do leitor; a compreensão em leitura é o resultado da interação escritor, texto e leitor, uma atividade de processamento e integração da informação realizada pela mente humana. Ou seja, visamos deslindar:
a) que as inferências devem ser compreendidas como informações que o leitor adiciona ao texto, realizadas em diferentes momentos da leitura. Ainda, as inferências cognitivo-culturais ocorrem por intermédio da interferência da cultura do indivíduo.
b) como se constrói o sentido de um texto e como ele se articula com a história e a sociedade que o produziu.
Ademais, como o livro revela alguns segredos das culturas africanas, a nossa contribuição reforça a ideia de que cada favor tem o seu merecimento, pois as questões elaboradas a partir da trama narrativa do Homem do Axé Gildeci Leite nos fizeram pensar, enquanto estudiosos da área da linguística, particularmente relacionadas às questões de cognição e linguagem e análise do discurso, como questões gramaticais aplicadas ao texto podem contribuir para atividades gramaticais.
Seguem, então, algumas das possibilidades de pensar a gramática de forma contextualizada.
Afetuoso abraço,
Professor Doutor César Costa Vitorino (UNEB)
Professora Doutora Iraneide Santos Costa (UFBA)