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Capa: Mole
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SOBRE O LIVRO:
Seria todo livro de poesia um livro autobiográfico? Ou, ainda, a ficção na poesia seria um traço do contemporâneo? Toda autobiografia é um livro de ficção? Toda ficção é poesia? Dias amenos de Kátia Borges é um livro – de poesia – que traz, desde o título, uma sugestão sobre a vontade da poeta em desenvolver, talvez, um discurso sobre si mesma (ameno, delicado e, como toda delicadeza, também pesa, há menos: a vida não é um passar infindo): mesmo que a palavra, ante a imposição do silêncio, antes imposto e agora confortável, desconfigure tudo, mude o desejo, produza o engano – ou mesmo que a palavra seja o único artifício possível para quem se vê desalojada, em desencaixe com o aparelhamento do mundo em sua dimensão funcionalista, observando como os seus pés pequenos, mesmo sendo pequenos e, às vezes, descompassados, andam sobre a terra, sobre o chão. […]
Este livro, lido por mim como uma biografia da poeta, pensa no fim, pensa em genealogias – do azul, mas também de si mesma-, em rotas difíceis de uma tradução de suas origens. Tudo acaba, vira e se transforma em palavras, numa biografia que segue não o tempo linear impositivo, mas o tempo da poeta. O chão, lugar de presença da poeta, também se reveste com águas e imagens de marinheiros, oceanos e navios. A poeta escreve porque não consegue dizer tudo. Só a palavra não basta. A palavra é também um mistério, mas funda um país. Mesmo precária, a palavra é tudo que a poeta tem. Existe uma origem possível, amena, sem traumas? Uma herança possível, sem máculas? A poeta propõe uma intertextualidade, às vezes, reversa: é a vida que repete a poesia, é a poesia que cria a vida. Letras e astros se encontram em ouroboros onde a criança da poeta narra o fim, parindo avós, avôs, tios, mãe e pai, uma mulher e um cachorro.
Maria Dolores S. Rodriguez
Peso | 111 g |
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Dimensões | 14 × 06 × 19 mm |