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Fora de estoque
É, este novo título de Alex Simões, um livro sobre e sob aquele tanto de vida que ainda respira, dentro da gente & da coisa-mundo, quando já quase tudo presenta-se como destroço, ruína, vertiginosa beira, vórtice, naufrágio e o que sei eu. O desafio, para o sujeito poeta que escreve este livro, parece ser o de mover-se em meio ao que quer que signifique alguma possibilidade de aproximação destes dois sintagmas cujas existências, hoje, correm risco igual de apagamento pela necropolítica: sujeito e poeta (“vem lá de dentro// a sensação de não ter centro/ mas há um centro?”). Nada aponta, nesta coleção de poemas, para alguma certeza: uma coisa pode ser o que aparenta ser e alguma outra coisa e tal observação vale para palavras coisas, como neste sutilíssimo poema de amor que reproduzo na íntegra: “hashi, palavra japonesa que varia de/ sentido. pode ser pauzinho de comer ou uma ponte, a depender do peso que se dê à sílaba primeira/ ou à que termina. assim como nós dois,// com dois pauzinhos, que às vezes se esfregam aligeirados e outras/ se atravessam como pontes. e o que alimenta o outro é o que dá/ fome e que não se sacia e não se exprime// senão por gritos e sussurros gozo agalopados/ no raiar do dia. com os hashis no/ chão eu vou catando a roupa e/ os pudores esquecidos”
Ricardo Aleixo
(Poeta)
Peso | 145 g |
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