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A CASA DO MISTERIO OU A CASA DO RENASCIMENTO:
Ao que me conste, Xavier Marques foi o primeiro ficcionista brasileiro, baiano ainda por cima, a incluir positivamente no romance (“O Feiticeiro”, 1922) aspectos do candomblé. Muito tempo depois, Jorge Amado compartilharia com o Brasil e o mundo cem muitas de suas obras o espaço simbólico da cultura negra do povo baiano, suas crenças mais profundas inspiradas por divindades afro-civilizadoras.
Agora Gildeci de Oliveira Leite vem a público numa segunda edição do seu “A Casa do Mistério ou a Casa do Renascimento”, em que ele integra com naturalidade no espaço ficcional o universo litúrgico da tradição afro-baiana, nagô precisamente. A palavra “naturalidade” tem aqui uma conotação forte, porque até então as crenças profundas dos afrodescendentes ingressavam na literatura como instrumento de um projeto ideológico, atinente à singularidade étnica do povo nacional.
DIA BONITO PRA CHOVER:
amor é água:
água mansa, água funda, aguarrás.
plural, sempre – em sua singularidade.
e em dia bonito pra chover derrama/m-se tanto/s amor/es – no silêncio de gesto perdido que veste a palavra, palavra poema ou palavra amor, a um só tempo perdida, silente, óbvia, gotejante…
Palavra de amor, nesse dia bonito pra chover em que Lívia Natália ora nos mergulha, ora afunda, é feita estrela esboçando seu nascedouro em nuvem ondulante de poeira sideral (antes de sequer poder sonhar em brilhar finda, gregária, constelada, no todo do breu).
Peso | 14 g |
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