Lançamento de “Todos os dias depois de hoje” de Rodrigo Araújo

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SOBRE O LIVRO:

 

O belo livro Todos os dias depois de hoje que a leitora e o leitor têm em mãos consegue algo primoroso e raro: pôr lado a lado a ludicidade infantil e a sensibilidade poética, enlaçadas, ambas, por uma fina prosa ensaística. O livro é composto de trinta e cinco pequenos textos em que Rodrigo Araújo se aproxima da nobre tradição aforística: um gênero textual em que o “mínimo de meios exprime o máximo de sentido”, em dupla face: filosófica e literária. Friedrich Nietzsche e Walter Benjamin são mestres par excellence dessa tradição, não por acaso pensadores aos quais o autor sempre se “aliou”. Logo nas primeiras linhas, o leitor se deparará com outra grata surpresa: a poética ensaística, filosófica e literária vai se construindo no e do viver/existir cotidiano de pai e filha, Rodrigo e Malu. Através de um escutar atento do mundo e, principalmente, da linguagem infantil, o pai-autor (sob o olhar atento da mãe-autora?) opera, por assim dizer, um trabalho da linguagem sobre a linguagem. O leitor terá a oportunidade de acompanhar um emocionante aprendizado de mão dupla pai-filha. Ao tempo em que Rodrigo vai tecendo consequências filosóficas surpreendentes, Malu vai desenhando, sem saber, aquilo que será seu primeiro livro. E tudo isso a partir de um material tão singelo quanto um despertar em família, um caminhar sob o sol de outono até a escola, um adormecer infantil ou um simples banho. “Entre uma ducha e outra, pedi que Malu passasse o xampu na cabeça. ‘Papai, cabeça também é corpinho?’ quis saber. ‘Tá aí a origem dos nossos problemas’ balbuciei introspectivo” (texto 11). Rodrigo reserva um título na língua de Cícero para essa doçura filosófica: “res extensa x res cogitans”. Convido o leitor a se aventurar por esse país das maravilhas de Malu.

 

Por: Fernando Gingante Ferraz – Professor da Universidade Federal da Bahia

 

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